A América Latina enfrenta atualmente o maior êxodo em sua história recente, com o deslocamento de pelo menos quatro milhões de refugiados e migrantes venezuelanos para outros países. Essa migração é provocada por problemas de desabastecimento de produtos básicos, da hiperinflação e do aumento da violência causados pela crise econômica e política que afeta o país.
Dentre a população venezuelana que tem migrado para o Brasil em busca de refúgio está a etnia Warao, o segundo maior grupo indígena daquele país. Desde junho de 2020, em meio a situação de emergência pública em saúde provocada pela pandemia de Covid-19, o Distrito Federal entrou no fluxo migratório dessas famílias em busca de refúgio. Até agosto de 2021, já foram identificadas 42 delas, com 153 membros ao todo.
Essas famílias foram acompanhadas pela Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (SEDES), por meio das equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) e do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) do CREAS da Diversidade.
Embora tenham sido realizadas tentativas de encaminhamento para unidades de acolhimento e de diálogo sobre o acompanhamento do acesso a benefícios socioassistenciais para o apoio nos pagamentos de aluguéis, essas ações não se mostraram efetivas diante das especificidades culturais da comunidade atendida. Essa população demanda especificamente a necessidade de um espaço de acolhimento para convívio exclusivo da comunidade Warao, que não incorra na desagregação ou separação do grupo. Também foi constatada a necessidade de se garantir espaços adequados às demandas culturais específicas, como acesso à terra para ritos e dormitórios com redes, por exemplo.
Frente a esse contexto, a Cáritas Arquidiocesana de Brasília articulou uma proposta de Projeto de Inclusão Laboral, Educativa e de atendimento socioassistencial destinado às famílias migrantes internacionais e refugiados. A ação contou com os parceiros do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), da Organização Internacional para as Migrações (OIM), do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), da Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDES/DF), da Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DFLEGAL), da Unidade de Assuntos Religiosos do Distrito Federal (UNAR/DF) e da Administração Regional de São Sebastião (RA XIV) .
O 16 de dezembro de 2021, iniciaram as atividades do projeto Warao, nas instalações do Centro Para o Bem Viver - Raios de Luz, da Cáritas Arquidiocesana de Brasília, situado na Região Administrativa de São Sebastião (DF).
A partir desta data, e durante três meses, serão realizadas ações que objetivarão a inclusão laboral, educativa e de atendimento socioassistencial destinadas às famílias migrantes internacionais e refugiados venezuelanos indígenas da etnia Warao. Para a execução do projeto Warao, em especial, será feito o acolhimento envolvendo o atendimento direto a quarenta e duas (42) famílias, perfazendo um total de cento e cinquenta e três (153) indígenas. O trabalho contará com parceria da SEDES, por meio de um Termo de Fomento.
Esta nova etapa do projeto também prevê a garantia de espaço seguro de acolhimento provisório, em sistema de cogestão, com presença de equipe técnica de referência para contribuir com a gestão coletiva da moradia e para acompanhamento socioassistencial das famílias e encaminhamento para outros serviços, programas e benefícios da rede socioassistencial e das demais políticas públicas.
Pioneirismo- O atendimento socioassistencial ao povo Warao é uma realidade emergente e inédita no Distrito Federal, apresentando novos desafios ao poder público e a sociedade civil organizada. A modalidade de projeto responde a esse desafio, buscando construir e testar metodologias de atendimento e garantir uma resolução sustentável a uma situação de desemprego, de desabrigo e de grande vulnerabilidade estrutural.
Comunicação da Cáritas Arquidiocesana de Brasília.
